terça-feira, 24 de setembro de 2013

A alma gentil dos entrefolhos

Alma minha gentil que te partiste
em cacos...
Alma minha gentil que aprendeste
a sofrer...
Alma minha gentil que sentiste
o silêncio...
Alma minha gentil que abandonaste
a esperança...

O ente maligno que é o cancro obriga-nos a repensar
a rever a alma gentil... que não é nossa.
Leva-nos a reposicioná-la... nos outros.

Nos especiais,
nos próximos,
nos ausentes,
naqueles sem os quais não respiramos.

Leva-nos a pensar mais na alma dos outros
que nos nossos entrefolhos.
Leva-nos a dar passos que nunca pensáramos
a pensar que podíamos ser felizes.

Agarrar a energia da alma gentil que cá temos
torna-se aquilo em que deixamos de pensar,
pois são os nossos que nos alimentam a alma.

Os especiais, os próximos, os ausentes, aqueles sem os quais não respiramos.
E a nossa alma, quando sobrevive, passa a ser deles.

Sempre e para sempre.
Que se lixe a minha gentileza de alma.
Alguém decidiu deixar-me ficar
para enriquecer a alma
dos especiais, dos próximos, dos ausentes, daqueles sem os quais não respiramos.

Aqueles que descobrimos que amamos.
Aquela descoberta que surge dos entrefolhos da gentil alma que, afinal, talvez não tenha  partido.

Bem-hajas, amor

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